Foto: (AGIF/BFR) |
Como jogador, esbanja um estilo clássico, limpo, preciso, sempre bem cadenciado.
Como atleta, é um líder, alguém realizado, boa praça, de português fluente, que veste a camisa alvinegra com orgulho.
Tem mais classe e mentalidade do que muitos novatos - ou mesmo boleiros graduados - por aí.
Aos 36 anos, Seedorf caminha para encerrar a carreira de forma digna. É o veterano em melhor forma no futebol brasileiro.
Depois de cinco rodadas da intragável Taça Guanabara, o jogador que foi quatro vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa e tricampeão mundial de clubes já se viu enfrentando as diminutas equipes do Macaé e do Audax.
Neste domingo, Seedorf conseguiu um feito inédito em sua carreira: marcar três gols em uma só partida.
O ar de soberba, a aura da marotagem, da picardia, comum em muitos goleadores, passou longe do Moacyrzão.
Ali estava um Seedorf agradecendo aos companheiros que o deixaram bater os pênaltis. Um Seedorf guerreiro.
Um guerreiro que começou a chorar depois de dedicar a noite inesquecível à avó que falecera há dez dias.
No jogo do meio de semana, em Moça Bonita, o ônibus que levava a equipe do Botafogo teve que encarar uma triste realidade.
À beira da pista da Avenida Brasil, perambulavam dezenas de dependentes de crack. Segundo o portal Lancenet!, um deles vestia o uniforme alvinegro. E logo a 10, a camisa de Seedorf.
Seedorf viu a cena e lamentou. Sabe da responsabilidade que carrega como ídolo de uma torcida.
Dedicou a vida ao esporte.
Fez as escolhas que achou certas.
O botafoguense da Avenida Brasil provavelmente nem viu o ônibus do seu time.
Só estava ali frenético à espera do próximo cachimbo.
Será que ele teve escolha?
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