segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Seedorf: choro e escolhas


Foto: (AGIF/BFR)


Todo torcedor carioca, brasileiro mesmo, se encanta com as atitudes, a humildade, e claro, com o futebol do surinamês Clarence Seedorf.

Como jogador, esbanja um estilo clássico, limpo, preciso, sempre bem cadenciado. 


Como atleta, é um líder, alguém realizado, boa praça, de português fluente, que veste a camisa alvinegra com orgulho. 


Tem mais classe e mentalidade do que muitos novatos - ou mesmo boleiros graduados - por aí.


Aos 36 anos, Seedorf caminha para encerrar a carreira de forma digna. É o veterano em melhor forma no futebol brasileiro.


Depois de cinco rodadas da intragável Taça Guanabara, o jogador que foi quatro vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa e tricampeão mundial de clubes já se viu enfrentando as diminutas equipes do Macaé e do Audax.


Neste domingo, Seedorf conseguiu um feito inédito em sua carreira: marcar três gols em uma só partida. 

O ar de soberba, a aura da marotagem, da picardia, comum em muitos goleadores, passou longe do Moacyrzão.


Ali estava um Seedorf agradecendo aos companheiros que o deixaram bater os pênaltis. Um Seedorf guerreiro.


Um guerreiro que começou a chorar depois de dedicar a noite inesquecível à avó que falecera há dez dias.

No jogo do meio de semana, em Moça Bonita, o ônibus que levava a equipe do Botafogo teve que encarar uma triste realidade. 


À beira da pista da Avenida Brasil, perambulavam dezenas de dependentes de crack. Segundo o portal Lancenet!, um deles vestia o uniforme alvinegro. E logo a 10, a camisa de Seedorf.

Seedorf viu a cena e lamentou. Sabe da responsabilidade que carrega como ídolo de uma torcida. 


Dedicou a vida ao esporte.


Fez as escolhas que achou certas. 


O botafoguense da Avenida Brasil provavelmente nem viu o ônibus do seu time. 


Só estava ali frenético à espera do próximo cachimbo.


Será que ele teve escolha?


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