sábado, 8 de fevereiro de 2014

O rojão silencioso do (e no) midiativismo


Discordo de quem afirma que a liberdade de imprensa foi a principal vítima no ataque ao Santiago. Estamos acompanhando a cobertura da imprensa (muito boa, por sinal) e observando que os fatos têm sido apurados e noticiados numa velocidade satisfatória.

Creio que quem se saiu mal mesmo neste episódio, e precisará rever urgentemente seu papel, discurso e, ...principalmente, ação política, é o midiativismo. A Mídia Ninja e suas derivações lançaram um rojão em si próprias quando preferiram o silêncio, ou a falta de um posicionamento mais definido, depois do incidente na Central do Brasil.

Inovadores ao cumprirem a função de mídia das multidões, alertando sobre os excessos do Estado nas manifestações, rapidamente caíram no descrédito quando usaram o "argumento da compreensão" das ações dos Black Blocs. A tal compreensão rimou com absolvição, num momento em que a sociedade criticou as ações violentas, saques, etc.

Um médico, quando pesquisa uma doença, faz o possível para erradicá-la. Não foi assim que os midiativistas se comportaram. Preferiram apenas observar a evolução do vandalismo, o recrudescimento da violência, etc.

O segundo motivo de descrédito teve seu estopim no ataque ao Santiago. Antes o midiativismo criticava a imprensa (golpista, manipuladora, concentrada, monopolista). Tinha certa razão em tecer as críticas. Mas agora pecaram (e feio) quando simplesmente deixaram o debate. Estão agindo da mesma forma que o Estado quando uma crise cai no seu colo. Preferem dizer que nada viram, nada sabem. Preferem a omissão.

Ao se calarem sobre o rojão que atingiu o Santiago, a impressão que fica é que, para os midiativistas, a vida dele vale menos que a de um Black Bloc. Aqueles que mais se orgulhavam em dizer que eram os vigilantes das manifestações, com seus Iphones concetados e suas transmissões streamadas, são agora os mais omissos.