Na ocasião, o ‘Tardes Quentes’ liderava outra audiência, a de denúncias da campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’. A iniciativa, capitaneada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal (bem mais atuante do que nos atuais tempos ‘felicianescos’), recebia reclamações de telespectadores contra o que consideravam apelativo na tevê aberta.Por quatro meses, o ‘Tardes Quentes’ esteve no topo dos mais grotescos da campanha. “Suspeita de fraude”, “exposição das pessoas ao ridículo” e “horário impróprio” eram as principais frases citadas pelos 144 denunciantes.
A ação das entidades civis e do MPF deu certo. Numa decisão inédita (e inimaginável, já que é notório o lobby das empresas comerciais de comunicação), a juíza Rosana Ferri Vidor, da 2ª Vara Federal de São Paulo, deferiu liminar suspendendo a exibição do programa por 60 dias.
Em seu despacho, a magistrada é taxativa.
Surgiu então um Noites Quentes? Nada disso. A RedeTV! descumpriu a decisão. Resultado: a Anatel e Justiça Federal suspenderam as transmissões. Os prejuízos da emissora foram astronômicos, tão indigestos quanto suas pegadinhas e mais do que os R$ 135 mil de salário que eram pagos a João Kléber naquela época.
Colocada contra a parede pelos anunciantes, a RedeTV! teve que assinar um acordo, custear e veicular – durante 30 dias úteis – uma série de programas sobre direitos humanos. Foram investidos (sim, para a sociedade é investimento) R$ 600 mil, entre multa e produção dos programas. Em contrapartida, os pedidos de cassação da emissora e indenização por danos morais foram retirados.
Em seu despacho, a magistrada é taxativa.
“Tal pedido não implica a interferência na liberdade de expressão da emissora ou dos produtores do referido programa, uma vez que as liberdades individuais devem ser exercidas por cada um de modo a não interferir na esfera de liberdade do outro. São como linhas paralelas, que devem seguir sem se atingirem. A partir do momento em que uma fere a outra, ou seja, que um indivíduo usa de sua liberdade de modo que interfira na esfera dos direitos dos outros, havendo provocação, o Estado juiz deve interferir”.Com a decisão, ‘Tardes Quentes’ só poderia ser transmitido no dia 5 de janeiro de 2006 e sempre a partir das 23h30min.
Surgiu então um Noites Quentes? Nada disso. A RedeTV! descumpriu a decisão. Resultado: a Anatel e Justiça Federal suspenderam as transmissões. Os prejuízos da emissora foram astronômicos, tão indigestos quanto suas pegadinhas e mais do que os R$ 135 mil de salário que eram pagos a João Kléber naquela época.
Colocada contra a parede pelos anunciantes, a RedeTV! teve que assinar um acordo, custear e veicular – durante 30 dias úteis – uma série de programas sobre direitos humanos. Foram investidos (sim, para a sociedade é investimento) R$ 600 mil, entre multa e produção dos programas. Em contrapartida, os pedidos de cassação da emissora e indenização por danos morais foram retirados.
Foi assim que o 'Direitos de Resposta' foi ao ar. Um trecho dele pode ser assistido abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=rkmQogamSyk
Pela primeira vez na história, uma emissora teve sua transmissão cortada por violar os direitos humanos. Uma resposta da sociedade à frase clichê do “não gosta do programa, muda de canal”. A sociedade se apropriou do que é dela porque houve desrespeito contra ela.
Usar o controle remoto como muitos alegam é, de fato, uma tarefa simples. O problema é a falta de opções.
Ou você assiste cultos intermináveis, e cenas de intolerância religiosa, ou compra jóias por telefone. No mesmo cardápio, tem o jornalismo policialesco, o jornalismo travestido de entretenimento e vice-versa. Tudo ao gosto do freguês.
Some tudo isso a um problema crônico da ética: ela tem memória curta.
Some tudo isso a um problema crônico da ética: ela tem memória curta.
Passados quase oito anos, João Kléber ressurge na mesma emissora e dá início a uma série de programas do mesmo estilo de antes: cenário, testes de fidelidade, apelação, menosprezo, etc.
Diz no site da RedeTV! sobre um dos programas de João Kleber: "de forma bem humorada, leve e descontraída, o programa apresenta casos reais de pessoas que enfrentam conflitos de relacionamento e outras dificuldades cotidianas." (grifo meu).
Ou seja, os conflitos familiares, conjugais, sociais voltam a ser tratados como piada, sarcasmo, desdém.
Dane-se o respeito ao telespectador sobre o que vamos falar. Vamos falar e pronto. Quem sabe repetir a dose de anos atrás.
O senso comum, mais uma vez, derrubou o bom senso em nome dos parcos números do Ibope.
E a ética voltou a sofrer de amnésia.